Modernidade e Tradição: uma violenta colisão entre dois mundos

     Um dos principais motivos pelo desentendimento entre o ocidente e o mundo radical islâmico está na diferença de valores. Dessa forma, de um lado podemos destacar o sistema capitalista caracterizado pelo seu movimento inovador, e de outro, a religião caracterizada pela sua lógica conservadora.

      O capitalismo é um modelo econômico que surgiu há cerca de seiscentos anos entre o fim da Idade Média e início da Idade Moderna, tendo como principais pioneiros, comerciantes das cidades-estado do norte do que hoje é o território da Itália; no entanto, com o tempo, este regime econômico foi adquirindo novas feições e características.

     Trata-se de um sistema que tem como fonte a acumulação ampliada do capital; sendo assim, não fica difícil perceber que, ele é movido pelo consumo intensificado, que por sua vez necessita de uma sociedade que esteja sempre aberta à mudanças. Ou seja, uma sociedade que carrega consigo os princípios da transformação como hábitos, costumes e estilos de vida.

  

Fonte:( http://www.fashionbubbles.com/negocios/analise-preditiva-de-cenarios-capitalismo-em-tempos-de-competitividade/)

  O CONSUMO POTENCIALIZA A MUDANÇA DE VALORES  EM UMA SOCIEDADE CAPITALISTA

 

      A sociedade capitalista, ao longo de sua história, sempre esteve atrelada à dinâmica do termo moderno; entretanto, para esta palavra ter o sentido que merece, torna-se necessário levar em consideração a existência do significado da palavra, "antigo", e entre estes dois, o termo "transformação", que se trata de hábitos, costumes e estilos de vida.

      Já em uma sociedade em que se priorizam os valores da doutrina religiosa, principalmente de maneira radical, ocorre o contrário, o fundamentalismo defende a ideia de que, o tempo histórico deve sempre prevalecer sobre o tempo cronológico, ou seja: que independentemente do passar dos anos, décadas, séculos e milênios, hábitos, costumes e estilos de vida sempre devem ser preservados acima de tudo; mesmo porque, trata-se de uma sociedade que segue como orientação de sua vida social, leis e regras estabelecidas pelos textos sagrados de sua religião.

Fonte: ( In:http://chrisgontijo.com.br/blog/2012/08/page/2/)

    

HÁBITOS E COSTUMES NA VIDA SOCIAL SÃO PRESERVADOS DESDE OS PRIMÓRDIOS ATÉ OS DIAS DE HOJE NA RELIGIÃO ISLÂMICA

          Seja lá quais forem as escrituras, tanto a Bíblia dos Cristãos, a Torá do Judeus ou o Alcorão dos Muçulmanos, não podem ter seus ensinamentos alterados, eles transmitem valores que devem ser seguidos a qualquer custo; trata-se então de uma sociedade que zela para manter o que está estabelecido (uma sociedade conservadora ).

      Assim, podemos perceber o intenso contraste de mundos: o capitalista que valoriza os princípios da inovação e mudança de hábitos essenciais para seu desenvolvimento. Assim, pode-se dizer que o capitalismo, segundo praticantes do fundamentalismo islâmico, coloca em risco os valores e estilos de vida orientados pelo alcorão, já que uma sociedade que preza em conservar seus costumes tem por excelência promover a manutenção de seus valores.

      É aí que reside o impasse entre os dois mundos: a presença de um acaba colocando em risco à existência do outro. Tal situação é assim definida pelo famoso cientista político Samuel P. Huntington, em " Choque das Civilizações".

Fonte:( In:http://tudonaoerelativo.blogspot.com.br/2010/07/da-serie-delirios-relativistas.html)

    A IMAGEM RETRATA VALORES E ESTILOS DE VIDA TOTALMENTE DIFERENTES

     Para grupos radicais islâmicos especificamente, não há como associar conservadorismo com modernidade, para eles, na medida que o indivíduo adota uma postura de consumo  desenfreado e se vê seduzido por aquilo que o mundo capitalismo tem a oferecer, automaticamente se torna vulnerável à mudança de costumes; o que significa afastar-se dos ensinamentos colocados pelas escrituras sagradas, ou seja, distancia-se definitivamente do estilo de vida conservador. Já para o capitalismo, por sua vez, o conservadorismo não incentiva a mudança de hábitos e, portanto, não incentiva o consumo, ao contrário, se porta como um entrave aos  interesses hegemônicos de imensas  potências capitalistas.

 Uma boa dica para visualizar melhor o contraste entre estes dois mundos:                

>  Filme: O Reino (2007)

* Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1quxmGGsUZM)

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