segunda-feira, 13 de abril de 2015

A Crise da Dívida Soberana Europeia: o caso da Grécia.

    Também conhecida como crise do Euro, ou Crise Grega, foi uma crise pública dos estados que atingiu vários governos europeus, principalmente o grego, que se espalhou para grande parte da Europa revelando a frágil situação fiscal dos mesmos.

    Para iniciar a nossa reflexão, iremos primeiramente entender o conceito de Dívida Pública de um Estado Soberano.
   
   Divida Pública: Trata-se de uma determinada quantia de dinheiro, em que, o governo de um país destina à sua população ativa e aposentada no setor público, e, aposentada no setor privado; no entanto, para que isso ocorra, é necessário que tais governos arrecadem a altura dos seus gastos. No momento que o volume arrecadado não é suficiente para cobrir tais despesas com o servidor público e aposentado em geral, é comum dizer que o governo fica com uma dívida a ser paga à população, por isto o termo se intitula como "dívida pública".

   Entre o ano de 2000 e 2008, a Grécia desfrutou de um grande crescimento econômico; no entanto, tal crescimento se deveu ao forte subsídio do Estado Grego na economia do país. O governo realizava um generoso programa assistencialista com seus servidores públicos e aposentados do estado e iniciativa privada ( A Nossa Previdência Social de Hoje), como  aposentadorias precoces, pensões vitalícias para filhas solteiras de funcionários públicos, além de oferecer 13º, 14º e 15º salários aos trabalhadores e exercer imensos gastos militares com suas forças armadas.

Fonte: ( In:http://www.galizacig.gal/avantar/opinion/15-5-2012/quotcatastrofe-liberalquot-crise-arrasta-europa-para-a-incerteza)
 
    Até aí tudo bem!.. porque os investimentos estrangeiros, turismo e um considerado grau elevado de exportações de sua indústria permitia que o estado grego arrecadasse  à altura desses gastos sociais e militares.

    Um Estado e sua economia funciona da seguinte maneira: Os gastos sociais do Estado para com sua população, mantém a economia aquecida;  isto porque, com o dinheiro recebido, a população irá depositar boa parte na iniciativa privada gerando o fortalecimento do setor produtivo e aquisição de empregos. Sendo assim, podemos entender que quanto mais uma economia se fortalece, maior será o retorno do valor investido pelo Estado para si próprio. E é isso o que acontecia com a Grécia e outros países da "Zona do Euro". Tudo ia correndo muito bem, até o momento em que veio a deflagrar a " A Crise Imobiliária de 2008", nos Estados Unidos".

    Mas, por quê?  O que uma crise financeira num país que fica do outro lado do Atlântico tem a ver com a Grécia? Simples!.. Uma economia do porte dos Estados Unidos atrai muito capital estrangeiro à procura de lucro, ainda mais a partir dos anos 2000, em que o mercado imobiliário norte americano estava correndo de vento em polpa. Como o país tem a maior economia do mundo, é normal que também tenha uma boa fama na hora de honrar com seus compromissos; e, é isso que os investidores de todo mundo procuram: a chamada " Confiança". Bancos de todo planeta capitaram recursos financeiros nos mais variados cantos do mundo, para realizar empréstimos a pessoas físicas com sonho de ter uma casa própria. No entanto, com a difusão da crise, esses mesmos Bancos que investiram seu capital para realizar o sonho da casa própria da família americana, começaram a ficar inadimplentes tendo dificuldades em arcar seus compromissos com investidores pelo qual tinham emprestado dinheiro ou capital como preferir.


Fonte:(In:http://uipi.com.br/noticias/geral/2011/10/20/protestos-tomam-a-grecia-enquanto-europa-busca-solucao-para-a-crise/) - Manifestantes enfrentam as forças do governo pedindo o fim do corte nos gastos sociais a mando do FMI e Banco Central Europeu

 
     O mercado financeiro é movido por confiança, se acaba esta confiança acaba também o "amor" entre investidor e empreendedor. A crise norte-americana fez com que investidores ficassem arredios com o cenário econômico não só nos Estados Unidos, mas também pelo mundo afora; e a Grécia não ficou excluída disto, muito pelo contrário, foi aí que ela virou um alvo iminente do infalível e imperdoável sistema financeiro  A Grécia foi o primeiro país a sentir a crise por arcar com altos gastos sociais e possuir uma iniciativa privada frágil com baixo índice de exportação quando comparado aos outros países da "Zona do Euro".

O QUE SÃO INVESTIDORES NO MERCADO FINANCEIRO?

    Os investidores no mercado de capitais são, nada mais nada menos, do que pessoas físicas ou jurídicas que se disponibilizam a emprestar parte de seus recursos financeiros com o objetivo de deter um lucro satisfatório a longo e médio prazo. As "Corporações" e Bancos Privados, captam dinheiro pelo mundo afora com objetivo de fortalecer seus investimentos na chamada "Economia Real".

ECONOMIA REAL

     A Economia Real é onde circula o capital gerado pelo setor produtivo e de serviços como: setor imobiliário, linha de produção de automóveis, produtos alimentícios e serviços terceirizados de toda natureza; ou seja, trata-se de um capital cuja origem reside num sistema de acumulação palpável, e não na base da especulação ou do que pode vir acontecer como ocorre na mercado especulativo de finanças.

  TÍTULO DO TESOURO DOS ESTADOS SOBERANOS.

      São papéis do governo que por força de contrato, tem valor de capital assegurado pelo Banco Central de um país com seu governo, ou seja, trata-se de um documento que funciona como uma espécie de testemunha do acordo firmado entre governo e investidor. O objetivo do governo com esses papéis está na possibilidade de arrecadar reservas em dólares para controlar a taxa de câmbio, para assim, poder controlar também o que entra e o que sai de mercadorias no país (Exportação e Importação); arcar com gastos públicos, além de, salvar bancos quebrados e investidores em caso de necessidade,  como ocorreu na Inglaterra, Holanda e Estados Unidos em 2008.

     AÇÕES NO MERCADO FINANCEIRO

     São partes do capital de uma determinada empresa representada por documentos que asseguram ao acionista ou investidor, o direito de fazer parte do comando de uma empresa ou Corporação Transnacional; sendo que quem assegura a legalidade das transações é a "Comissão de Valores Mobiliários" em conjunto com o "Banco Central". Portanto, a iniciativa privada fica a cargo de realizar as transações financeiras, não o governo, como ocorre na venda de títulos da dívida pública.

    Muito bem, agora poderemos analisar a fundo o que aconteceu com o governo grego em 2008. Como o governo grego investia pesado no assistencialismo social com sua população por meio de aposentadorias precoces, altos salários para servidores públicos além de pensões vitalícias para filhas solteiras de servidores falecidos, a população gozava de uma boa condição financeira e isto se refletia diretamente na geração de empregos, novas indústrias, exportações; e, por fim, mais receita que era retornado ao governo.

Fonte: ( In:http://www.rogeriodearaujo.com.br/como-ter-sucesso-na-bolsa-de-valores-e-ganhar-dinheiro/)
Dia de pregão no mercado financeiro na BMF Bovesta- SP Brasil
 
     O problema, no entanto, estava a milhas dali do outro lado do "Oceano Atlântico": nos Estados Unidos. Quando o setor imobiliário norte americano entrou em colapso, vários bancos de todas nacionalidades que realizavam investimentos no setor do país ficaram inadimplentes, não tendo como reembolsar investidores dos quais tinham emprestado dinheiro, gerando uma crise de desconfiança entre investidores no mundo inteiro. A Grécia, dentre os países da "Europa Ocidental", foi o primeiro a sentir e com mais força a crise, por quê? Simples de responder:  porque dentre os países da "zona do Euro", a Grécia era o que mais arcava com gastos sociais e possuía uma economia frágil, suas empresas não produziam mercadorias de alta qualidade; e, sendo assim, tinha pouca influência no mercado internacional. Portanto, com a crise, seria natural que tanto as suas exportações como o turismo, que é uma de suas principais fontes de renda, iriam sofrer uma grave diminuição, já que, pessoas em boa parte do mundo naquele momento estavam sem dinheiro para gastar, reduzindo a economia grega à migalhas. E, como foi dito anteriormente, economia aquecida é sinônimo de Estado arrecadando e forte, e economia fraca é sinônimo de Estado "fraco e capenga", isto porque, sem arrecadar o suficiente, não tem mais como arcar com as despesas (Défíct Orçamentário = Dívida Pública Elevada).


     É aí que entra o "X" do problema: um Estado que está gastando mais do que arrecada seria digno de confiança para investidores? Quem, em sã consciência, iria emprestar ou comprar títulos de um governo em fim de linha assim? Ninguém, não é? Pois então, é isso o que aconteceu com os investidores que depositavam vultuosos capitais no governo e na economia grega como um todo: perderam a confiança no governo grego com medo de tomar um calote por sua situação complicada acima de todos o países da "Zona do Euro". Por a Grécia apresentar tais condições que a colocava no topo de um estado quebrado e mal pago, é que foi eleito o primeiro a não receber mais um centavo se quer pelos investidores ao redor do mundo. Por este motivo é que a Grécia sentiu primeiro,. e, em uma maior intensidade, a crise em relação aos demais países europeus.

     FMI E BANCO CENTRAL EUROPEU

       Com a fuga de capitais, o governo grego não teria outra opção se não pedir ajuda ao "FMI" e seus vizinhos ricos como Alemanha e França. Tanto o Banco central europeu como o FMI aceitaram enviar um pacote de ajuda ao governo grego, afim de impedir um calote evitando uma catástrofe no continente. Estas grandes Instituições financeiras aceitam ajudar, mas com uma condição, e qual condição seria esta,  hein?


Fonte:(In:http://www.voxeurop.eu/pt/content/article/1832041-fmi-um-aliado-inconveniente) -      
Christine Lagarde, Diretora do FMI.
   
     A condição que o FMI e o Banco Central Europeu impõe ao governo grego está na diminuição de gastos sociais para com sua população:, se diminuir os gastos, eu te empresto; se não, não. Esta é a cartilha do FMI e Banco Central Europeu, eles não iriam emprestar milhões para um governo que mal consegue pagar suas contas sem uma garantia por ele apresentada. Então, o que o governo faz? Inicia um programa impiedoso de austeridade que significa corte de gastos sociais, para que, com esses valores economizados sejam utilizados para devolver a quantia aos Bancos. Mas como é que fica a população? Ela aceitará isso passivamente? É claro que não!.. tanto que é exatamente por este motivo que protestos surgiram nas ruas de Atenas, gerando inúmeros confrontos com forças do governo (Polícia).

      Caros leitores, é isto o que aconteceu na Grécia e em todo o continente europeu, países que se dedicavam a manter sua população com alto poder aquisitivo, com a perspectiva de obter retorno por meio da cobrança de impostos, por um tempo deu certo, mas só por um tempo.

POPULAÇÃO ENVELHECIDA E POUCOS JOVENS SOBRECARREGAM A PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS PAÍSES RICOS.

       A Europa Ocidental teve o início do processo de industrialização há cerca de 200 anos, sendo assim, podemos concluir que o continente já tem consolidado o seu processo de urbanização, sistema econômico, político e social. A Europa apresenta um elevado IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e uma baixa taxa de natalidade, pois com mais mulheres no mercado de trabalho, as mesmas tem menos tempo para cuidar de seus filhos, associado ao encarecimento do custo de vida por conta do processo de urbanização, possui um número menor de filhos resultando em poucos jovens no seio da população, e isto também associado a uma boa expectativa de vida entre seus cidadãos, ficando evidente que em uma população dessas, há uma maior concentração de idosos e um número reduzido de jovens entrando no mercado de trabalho, gerando gastos excessivos ao estado e fragilizando a economia; já que, é o número de jovens se inserindo no mercado de trabalho é que terá que dar conta ao pagamento das aposentadorias de idosos no continente, que por sinal, não são poucos. Esse é um dos fatores que contribui hoje para a fragilidade da economia europeia no que diz respeito à crises econômicas.

EFEITO CHINA TAMBÉM CONTRIBUI PARA A FRAGILIDADE DO ATUAL SISTEMA ECONÔMICO DOS PAÍSES EUROPEUS.


    Como se não bastassem os problemas internos dos países que compõem a "Zona do Euro", a China veio para acabar de afundar a economia dos ditos "Países Ricos" da Europa Ocidental. Mas, como isso é possível?

     Para responder  a esta pergunta é necessário saber que assim como os países europeus, a China também importa matéria prima e exporta produtos industrializados. Só que a China, por ter uma moeda desvalorizada em relação a outros países do mundo e também disponibiliza de uma quantidade gigantesca de mão de obra quando comparada aos demais; faz com que o custo da mão de obra no país seja a mais barata dos entre os cinco continentes do nosso planeta. Para ajudar a situação crítica dos países europeus, com a entrada da China no mercado internacional, as matérias primas como Petróleo, Minério de Ferro, Carvão Mineral ,entre outros recursos naturais ficaram absurdamente mais caros. Portanto, tal acontecimento se tornou mortal para a economia europeia, já que os mesmos não disponibilizam de recursos naturais em seus territórios e mais do que qualquer outro continente, precisa de maneira indispensável desses recursos vitais para a sua Indústria.
    
  Fonte: (In: http://pt.dreamstime.com/ilustra%C3%A7%C3%A3o-stock-aperto-de-m%C3%A3o-entre-uni%C3%A3o-europeia-e-china-image42742455 )
   
     Sendo assim, podemos concluir que com a entrada da China no mercado mundial, boa parte dos produtos europeus deram lugar aos produtos chineses por possuir um preço menor, gerando falências e desemprego na Europa desaquecendo ainda mais sua economia que já estava fragilizada. E para piorar, a busca incessante do gigante chinês em busca de matéria prima encareceu o preço das matérias primas pelo mundo afora; então, além de ter seu mercado reduzido por causa da entrada dos produtos chineses que são bem mais em conta, os europeus tiveram que começar a "enfiar cada vez mais a mão no bolso" para suas importações.


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